Os anéis de Saturno não são apenas uma decoração bonita – os cientistas podem usar esse recurso para entender o que está acontecendo nas profundezas do planeta.
Usando os famosos anéis como sismógrafo, os cientistas estudaram os processos dentro do planeta e determinaram que seu núcleo deve ser "difuso". Em vez de uma esfera sólida como a da Terra, o núcleo de Saturno parece consistir em uma "sopa" de rocha, gelo e líquidos metálicos que se misturam e afetam a gravidade do planeta.
O novo estudo usou dados da missão Cassini da NASA, que orbitou Saturno e suas luas por 13 anos, de 2004 a 2017. Em 2013, os dados da missão mostraram pela primeira vez que o anel mais interno de Saturno, o anel D, pulsa e gira de uma forma que não pode ser totalmente explicada pela influência gravitacional das luas do planeta. Um novo estudo examina esses movimentos nos anéis de Saturno com mais detalhes para obter informações sobre os processos dentro dele.
O núcleo do planeta não apenas parece viscoso, mas também se estende por 60% do diâmetro do planeta, tornando-o muito maior do que se pensava anteriormente. A análise mostrou que o núcleo de Saturno pode ser cerca de 55 vezes mais massivo que todo o planeta Terra. O estudo prevê que 17 das massas do núcleo da Terra consistem de gelo e rochas, e o restante - de líquido baseado em hidrogênio e hélio. Movimentos no núcleo causam ondulações constantes na superfície de Saturno. Essas ondas de superfície causam mudanças sutis na gravidade do planeta, que posteriormente afetam os anéis.
"Saturno está sempre tremendo, mas é imperceptível", disseram os cientistas em um comunicado. "A superfície do planeta se move cerca de um metro a cada uma ou duas horas, como um lago lentamente instável. Como um sismógrafo, os anéis captam as perturbações gravitacionais e as partículas do anel começam a oscilar."
Segundo os cientistas, a natureza dessas ondulações do anel sugere que o núcleo, apesar de suas oscilações, consiste em camadas estáveis de diferentes densidades. Materiais mais pesados estão localizados ao redor do centro do planeta e não se misturam com materiais mais leves mais próximos da superfície.
“Para que o campo gravitacional do planeta oscile nessas frequências específicas, o interior deve ser estável, e isso só é possível se a proporção de gelo e rocha aumentar gradualmente à medida que você se aproxima do centro do planeta”, disseram os pesquisadores.
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